Provavelmente você conhece alguém que já teve ou tem depressão, seja um familiar ou amigo. E não é para menos: segundo uma pesquisa realizada pelo IBGE em 2020, 16,3 milhões de brasileiros com mais de 18 anos convivem com a doença.
Esse número torna-se ainda mais alarmante quando pensamos que a depressão também atinge outras faixas etárias (crianças e adolescentes), além de que não são todas as pessoas que buscam ajuda.
Em 2019, a OMS (Organização Mundial da Saúde) apontou que o Brasil é o país com a maior taxa de indivíduos deprimidos comparada à de outros países da América Latina. É um percentual de 5,8% da população geral, enquanto que nas nações vizinhas o índice chega a 4,4%.
Pode-se considerar a depressão como um problema de saúde pública, mas que não é devidamente abordado pela sociedade, seja por estigmas sociais ou negligência das autoridades em questão. Então, como podemos fazer a nossa parte e ajudar alguém com depressão?
Como ajudar alguém com depressão?
Você deve ter em mente que a pessoa depressiva nem sempre vai querer falar sobre o assunto, porque a abordagem do tema pode deixá-lo desconfortável e gerar constrangimento. No entanto, saiba que o apoio emocional não se limita apenas a conversas, por isso é primordial que você deixe a situação confortável para o outro.
1) Informe-se corretamente!
Busque se informar sobre a depressão por meio de fontes confiáveis. Há muito sensacionalismo e fake news que abordam a temática, inclusive sobre métodos de tratamento. A depressão é uma doença que pode atingir os indivíduos de diversas maneiras, não há um sintoma único que determine o quadro, a depressão é multifatorial.
Vale ressaltar que apenas um psicólogo ou psiquiatra pode dar o diagnóstico do transtorno. Se você conhece alguém que apresente sintomas, oriente a pessoa a buscar ajuda médica.
2) Demonstre apoio ao tratamento
São comuns os casos de pacientes que iniciam o tratamento e após um curto período de melhora interrompem, por conta da falsa sensação de cura. A depressão pode ser tratada através de psicoterapia clínica, muitas vezes associada ao uso de medicação devidamente orientada (antidepressivos e estabilizadores de humor).
Apoie a pessoa a dar continuidade à psicoterapia e não abandonar o uso dos remédios sem a orientação médica. A percepção inicial de melhora pode não refletir estabilidade e o indivíduo pode infelizmente voltar a ter crise em seguida.
Acreditar ou deduzir que quem vai ao psicólogo é “louco” é se deixar levar pelas crenças populares infundadas, assim como o mito de que antidepressivos causam dependência. O psiquiatra é o responsável por orientar e esclarecer qualquer dúvida referente aos fármacos e o psicólogo atua no equilíbrio das emoções e comportamentos.
3) Você não sabe o que essa pessoa está passando!
Todos temos momentos ruins na vida, é inevitável. Mas isso não dá o direito de invalidar o discurso de alguém com depressão e dizer que você entende o que ela está sentindo. Evite frases como “eu também passei por isso, vai melhorar”, “mas comigo foi pior” ou “é só você ter mais ânimo para fazer as coisas!”.
Acredite: se fosse tão simples assim, a pessoa não estaria depressiva. Lembre-se que a depressão é uma doença que impossibilita o indivíduo de viver uma rotina saudável. Você não falaria para alguém com outra doença que só depende dele próprio para se curar, não é?
4) Crie uma rede de apoio
Busque por outras pessoas que também possam ajudar o indivíduo depressivo, desde que seja do consentimento dele, pois é primordial que ele saiba com quem pode contar. Compartilhe as informações e orientações com o grupo, para que todos saibam como ajudar corretamente.
Muitas vezes não estamos próximos fisicamente de quem precisa de auxílio. É neste momento que contamos com os recursos da tecnologia, como mensagens de áudio, telefonemas ou chamadas de vídeo. Mantenha a pessoa focada na conversa até que alguém chegue para ajudá-la.
Caso ela esteja passando por alguma situação que ofereça risco à própria vida, não hesite em ligar para o CVV (188) ou SAMU (192). Essa informação deve estar ao alcance de todos da rede de apoio, inclusive da própria pessoa depressiva.
5) Reconheça você é um ser humano!
Ninguém adoece porque quer! Mas, infelizmente “n” situações e circunstâncias podem nos acometer ao longo da vida, testando nossos recursos e nos colocando à prova. Espero que você possa lidar com todos os desafios e se refazer, mas se perceber que não tem dado conta de manter uma estrutura de vida equilibrada e se sente no limite, não hesite, busque ajuda!